Tabagismo pode agravar os sintomas da Covid-19
A luta contra os males causados pelo fumo inclui, agora, batalha contra a covid-19. O tabagismo, considerado pandemia pela Organização Mundial de Saúde (OMS), é um dos fatores de risco para transmissão do coronavírus. Devido a um possível comprometimento da capacidade pulmonar, o fumante tem mais chances de desenvolver sintomas graves da doença. Os cuidados foram reforçado durante a celebração do Dia Nacional de Combate ao Fumo, no último sábado, 29.
Reconhecido como doença crônica, o tabagismo é causado pela dependência à nicotina, substância psicoativa presente nos produtos à base de tabaco, altamente cancerígena. De acordo com a Revisão da Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID-10), o tabagismo integra o grupo de transtornos mentais e comportamentais, em razão do uso de substância psicoativa. É também considerado a maior causa evitável isolada de adoecimento e mortes precoces em todo o mundo.
De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca), o tabaco causa diferentes tipos de inflamação e prejudica os mecanismos de defesa do organismo. Por esse motivo, os fumantes têm maior risco de infecções por vírus, bactérias e fungos, além de serem acometidos com mais frequência por infecções respiratórias como sinusites, traqueobronquites, pneumonias e tuberculose.
Impactos
Os impactos causados pelo tabagismo ultrapassam os limites dos danos individuais; repercutem no ambiente, na saúde pública e na economia. De acordo com a coordenadora de Promoção da Saúde e Controle do Tabagismo da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais(SES-MG), Nayara Resende Pena, 12,6% de todas as mortes que ocorrem no Brasil são atribuíveis ao tabagismo. “São gastos a cada ano R$ 56,9 bilhões com despesas médicas e perda de produtividade devido ao tabagismo. No cenário atual de pandemia pela covid-19, o impacto para a saúde da população é maior ainda, visto o aumento do risco do agravamento da doença em fumantes,” diz.
Pesquisa de comportamento da Fundação Oswaldo Cruz, feita em parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais e a Universidade Estadual de Campinas, com finalidade de avaliar como a pandemia afetou ou mudou a vida das pessoas, mostra que houve um aumento do consumo de cigarros entre os fumantes. No Brasil, entre os fumantes que responderam, quase 23% aumentou cerca de dez cigarros por dia e 5% aumentou mais de 20 cigarros por dia durante a pandemia.
O secretário de Estado de Saúde de Minas Gerais, Carlos Eduardo Amaral, chama a atenção para esse aumento considerável da quantidade de fumaça inalada e alerta a população sobre a necessidade de cessar o hábito de fumar. “É urgente a mudança de mentalidade em relação ao consumo de tabaco. Precisamos nos unir, em força-tarefa entre o poder público, sociedade civil, iniciativa privada e mídia, no combate dessa pandemia, que mata cerca de 428 pessoas por dia no Brasil”, reforça.
Em Minas Gerais, a decisão de parar de fumar encontra incentivo em políticas públicas do governo estadual, que oferece para a população serviços habilitados para o tratamento do tabagismo em 844 municípios. Até julho deste ano, 52.968 atendimentos foram realizados nas Unidades de Atenção Primária à Saúde devido ao tabagismo, segundo dados do sistema de Informação em Saúde para a Atenção Básica (Sisab). Fonte Agência Minas