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HOJE NO TEATRO DA URCA – AO POETA ANDALUZ”

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O ESPETÁCULO – “Dos dibujos ao olé!”

Das artes plásticas (influenciada por Salvador Dali), às Cantigas Populares Espanholas (com melodias compostas por Lorca, e gravadas em parceria com sua amiga, a cantora La Argentinita); da religiosidade ao rito pagão; um espetáculo intrigante, permeado por conexões e subjetividades que escapam até aos olhos e ouvidos mais atentos. A poesia, o drama, a tourada, os fantasmas, os amores, a luta, tudo está interligado. Sem ter a pretensão ingênua de mergulhar no abismo íntimo deste grande ser, contudo, suas facetas mais explícitas estão representadas nesta obra cênica. Recortes de cenas são intercaladas por relatos pessoais de Lorca, bem como por trechos de Mariana Pineda (A heroína que levou em suas mãos duas armas: amor e liberdade, quando conduzida ao cadafalso, morreu na forca, com essas duas armas ‘cravadas’ no peito – “Na bandeira da Liberdade bordei o amor maior de minha vida”); e de A Captura e a Morte (primeira parte de Pranto para Inacio Sanches Mejias). Dentro de uma proposta surrealista, o espetáculo oferece um tributo Ao Poeta Andaluz Federico Garcia Lorca. Delineando o roteiro, cenas retiradas da belíssima “Trilogia das Tragédias Rurais” (*Bodas de Sangue, 1933 – Baseada em fatos ocorridas em Andaluzia, Espanha, conta a história de uma noiva que foge no dia do seu casamento, provocando uma tragédia em duas famílias, a do noivo e a do amante. Uma verdadeira obra-prima, fala de amor, desejo, traição, separações e da morte com maestria; *Yerma, 1934 – Uma mulher que deseja, como única condição de felicidade, ter um filho. Mais do que a questão da maternidade frustrada, o que está superiormente expresso em termos poéticos e simbólicos em Yerma é a tragédia de todos os que veem definhar o seu potencial criativo, em razão da ignorância, do preconceito, da repressão ou das forças desencontradas do destino; e *A Casa de Bernarda Alba, 1936 – sendo esta, a última obra dramatúrgica escrita pelo poeta, nos permite afirmar que o poder político que o Estado e a Igreja demandam, na sociedade espanhola, oferece a Bernarda a credencial necessária para reproduzir em microcosmo o despotismo observado em macroescala, e para aqueles que ousam ultrapassar os padrões de comportamento impostos, resta a punição). Para completar, a música e a dança garantem o clima, e envolvem o expectador na atmosfera inebriante que somente o maior autor espanhol, ao lado de Cervantes, poderia nos inspirar. Celebremos juntos, a graça e a genialidade deste grande homem, que para além de poeta, era dramaturgo, ator, diretor, pianista, desenhista, amante das touradas e de Espanha. Embarquemos nesta emocionante viagem poética “dos dibujos ao olé!”

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O POETA
Federico Garcia Lorca poeta e dramaturgo espanhol, membro da chamada Geração de 27, autor de livros como o Romancero gitano (1928), Poeta em Nueva York (1940) e Llanto por Ignacio Sánchez Mejías (1935). É um dos autores fundamentais da poesia do século 20 e exerceu influência em diversos autores de língua espanhola, como Pablo Neruda. Sua lírica incorporou temas e recursos poéticos que vão das canções populares espanholas até a cultura cigana andaluza, o barroco de Góngora e o surrealismo. Nasceu na região de Granada, na Espanha, em 05 de junho de 1898, e faleceu nos arredores de Granada no dia 19 de agosto de 1936, assassinado pelos “Nacionalistas”. Nessa ocasião o general Franco dava início à guerra civil espanhola. Apesar de nunca ter sido comunista – apenas um socialista convicto que havia tomado posição a favor da República – Lorca, então com 38 anos, foi preso por um deputado católico direitista que justificou sua prisão sob a alegação de que ele era “mais perigoso com a caneta do que outros com o revólver”. Avesso à violência, o poeta, como homossexual que era, sabia muito bem o quanto era doloroso sentir-se ameaçado e perseguido. Nessa época, suas peças teatrais “A casa de Bernarda Alba”, “Yerma”, “Bodas de Sangue”, “Dona Rosita, A Solteira” e outras, eram encenadas com sucesso. Não se pode negar a Garcia Lorca o papel de um dos mais representativos poetas espanhóis das três primeiras décadas de nosso século, com expressiva repercussão até os dias atuais. Inegavelmente foi aquele que, conseguiu alcançar os patamares da fama e despertar maior entusiasmo dentre todos os de sua geração. Na poesia lorquiana aliam-se, de maneira maravilhosa, todos os elementos da poesia e da alma espanhola. É o poeta da imagem plena de louçania e de originalidade, da sugestão, do verso musical e cheio de luzes interiores que brota com espontaneidade de seu coração. Sua execução, com um tiro na nuca, teve repercussão mundial. Lorca tornou-se um mito, um verdadeiro ícone.

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