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Quando a história nos encontra

*Roberto Tereziano

Ele havia comprado um imóvel em Indaiatuba, interior de São Paulo. A família que vendeu logo se mudou deixando no local alguns papeis, livros velhos ou alguns jornais amarelados.

O novo proprietário contratou um pessoal para proceder a limpeza do imóvel, nova pintura etc. A fim de deixar a casa pronta para os novos moradores. A equipe que estava prestando o serviço de limpeza foi separando entre os restos encontrados, alguns objetos que julgavam importante para que o novo proprietário examinasse.

 Foi assim que Walter, o comprador, examinando papeis, fotografias e recordes de jornais também encontrou um grande caderno, brinde de um antigo comercio da Rua do Ouvidor, Rio de Janeiro recheado de anotações e pequenos trechos de jornais. Era quase um diário referente a uma outra pessoas de nome. Pela intimidade com que era tratado a autoria parecia ser de um, ou uma parente. Ele era sempre tratado como Pedrinho. O referido caderno de guardados nasceu em 1846, ano em que Pedrinho nasceu.

  “Nasceu Pedrinho em São Gonçalo do Sapucaí… Foi batizado hoje o Pedrinho. Pedrinho começa a estudar no ensino primário. Pedrinho vai para a faculdade no Rio de Janeiro. Pedrinho é diplomado na presença do Imperador Dom Pedro Segundo, etc.” Centenas de recortes de jornais sempre com notícias referentes à tal Pedrinho seguidas de anotações escritas a caneta tinteiro para complementar as informações.

Assim Pedrinho agora médico, se muda para Poços de Caldas. Casa-se, começa a estudar as águas termo-medicinais. Vai várias vezes para o exterior. Tem filhas, é recebido por governadores do Brasil e de outros países. Depois é agraciado pelo rei da Suécia e Noruega por contribuição científica. Publica livros, enfim, toda a trajetória de vida e obras do Pedrinho quase foi jogada fora mas salva por uma equipe responsável pela limpeza do imóvel.

Walter, o novo proprietário foi se interessando pela história em recortes detalhados e pelo personagem ao qual ela se referia, principalmente quando viu o nome de Poços de Caldas.

O diário caminha entre recortes de jornais e anotações manuscritas até que surge uma notícia sobre a saúde do Pedrinho, segunda de uma cirurgia na França, depois um agravamento de seu estado de Saúde, até que em 1915 uma triste nota no canto de uma página. “faleceu hoje, no Instituto Paulista de medicina… Era o fim do querido Padrinho.

 Mas porque o caderno chamou atenção do novo dono do imóvel de Indaiatuba-SP, quando se referiu à Poços de Caldas? Walter Travanik, quando adolescente, morou por algum tempo na cidade. Até trabalhou na antiga loja de aluguel e vendas de bicicletas e lambretas que existia na Rua São Paulo chamada Casa Pedro.

Certo dia, mais recentemente, ele passando por Poços de Caldas veio à minha procura em um momento em que eu estava no trabalho e sem tempo para um exame mais detalhado do material. Por quinze minutos pude folhear todo o “Diário” antigo com grande entusiasmo. Era a vida de Dr. Pedro Sanches de Lemos contada e documentada por uma de suas tias, com detalhes, de começo ao fim. Pedi a ele que se um dia quiser desfazer do material que o encaminha para o museu Histórico de Poços de Caldas.

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